Acomodação auditiva: descubra o que é e como não ser “enganado” por ela

Publicado: junho 26, 2012 em Notícias

 

Aprenda mais sobre esse fenômeno tão comum, que atinge 100% dos guitarristas.

Quem nunca passou um bom tempo timbrando uma pedaleira, pedal, ou até mesmo o amplificador e no dia seguinte o som estava tão diferente que não parecia o mesmo do dia anterior? Pois bem, no meio dessa história toda nós encontramos alguém que é desconhecida por quase todos, mas pode atrapalhar e muito os guitarristas desavisados.

Primeiramente vamos entender como nosso ouvido capta as vibrações sonoras e transforma em impulsos nervosos, que são interpretados pelo nosso cérebro como som.

 

A orelha funciona como uma espécie de concha acústica, que auxilia na captação de sons do ambiente e os direciona para o canal auditivo (ou conduto auditivo externo). Quando as ondas sonoras chegam ao tímpano (ou membrana timpânica) fazem com que o mesmo vibre, de acordo com a frequência da onda. Essa pequena camada de pele funciona como o diafragma em um microfone. As compressões e rarefações da onda sonora empurram a membrana para frente e para trás. O que mantém o tímpano sempre tensionado é músculo tensor timpânico, que é conectado a um conjunto de ossículos (Bigorna, Martelo e Estribo) que vibram juntamente com o tímpano. No outro extremo desse conjunto está a cóclea, que recebe as vibrações provenientes dos ossos do ouvido interno. A cóclea conduz a vibração, que antes vinha pela ar, à um fluido que preenche quase todo o seu interior, que por sua vez, movimenta células sensoriais cheias de “pelos”. Esses pelos, ao encostarem na membrana tectórica, geram impulsos nervosos que chegam ao nosso cérebro e fazem que a gente ouça o que acontece ao nosso redor

Ufa, depois do momento Discovery podemos ir ao que nos interessa: a acomodação auditiva.

Depois de certo tempo recebendo ondas sonoras de um mesmo patamar de frequências, o ouvido começa a se acostumar com as mesmas. O tímpano passa a ser menos tensionado pelo músculo tensor timpânico, quando solicitado a vibrar nas frequências que estão chegando ao ouvido. Logo, nosso cérebro começa a se acostumar com o som que chega até ele.

Imagine um sujeito com a voz extremamente aguda e irritante. Após alguns minutos de conversa com essa pessoa seu ouvido começa a se acostumar com o timbre da voz e seu cérebro passa a não achar tão irritante aquele som. Isso se deve a acomodação auditiva. Outro exemplo prático que você pode testar em sua casa é: plugue sua guitarra no amplificador e toque normalmente, com o timbre que lhe agrada. Após alguns minutos faça alguma alteração drástica na equalização do amplificador, por exemplo: aumente o grave no máximo e zere os médios e agudos. Logo de cara esse novo som vai lhe causar bastante estranheza, pois todo seu conjunto auditivo não está acostumado a esse timbre. Continue tocando por mais alguns minutos. Perceba que depois de certo tempo a interpretação que você vai ter do timbre vai ser totalmente diferente daquela inicial (não estou dizendo que o som vai ser agradável, porém a percepção do mesmo passa a ser outra). O mesmo vai acontecer se você voltar para equalização inicial.

Esse fenômeno afeta toda e qualquer pessoa, não apenas músicos. Portanto é preciso tomar muito cuidado na hora de timbrar, equalizar, mixar, gravar, etc.

É extremamente aconselhável períodos de no máximo  10 minutos para formar um timbre no pedal, pedaleira, amp, etc. Depois deste tempo mude para outro timbre e comece novamente. Por exemplo: após 10 minutos regulando seu timbre high gain da pedaleira, passe a timbrar o seu clean por exemplo, isso irá ajuda-lo a não ser enganado pela acomodação auditiva. Evite também ultrapassar períodos de 1 hora timbrando sons, pois após esse tempo seu cérebro já está cansado e não tem a mesma percepção sonora de antes.

 

Espero ter ajudado, qualquer dúvida deixe seu comentário.

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